Reflexões...
Enquanto escolhia o título deste blog, pensava sobre qual solidão queria falar.
A solidão necessária, que liberta.
A solidão da ausência, da falta, da perda.
A solidão de não-pertencer (muito bem descrita pela maravilhosa Clarice).
A solidão da singularidade, da autenticidade.
Até a solidão de estar-junto sem sentir-se acompanhado (muito comum nos dias de hoje).
Ainda não sei... Conheço os sabores e dores de todas...
Mas.... Por que solidão?
Porque é essencial. Não há existência sem ela.
Quem nunca se sentiu só? Quem nunca desejou estar só em alguns momentos?
Dizem que esta “praga” é um dos males atuais. Mas será a solidão mesmo um mal?
Quantas pessoas a temem? Quantas buscam relações efêmeras e superficiais, no intuito de afastá-la?
Quantos sites foram criados, a fim de que a solidão não mais existisse. Mas, estes só conseguiram aumentá-la...
Parece que quanto mais amigos virtuais uma pessoa tem, menos ela se dedica a conquistar amigos reais. Até porque os últimos dão mais trabalho, exigem escuta, disponibilidade, disposição, atenção (coisas tão raras nos dias de hoje).
Não entendo por que a solidão é tão temida.
Por que um conjunto de vozes ou de rostos estranhos, conversas sem sentido, sons ensurdecedores e multidões de desconhecidos podem ser melhores do que o silêncio, a solidão e a própria companhia?
Acho que as pessoas precisam fazer as pazes consigo mesmas.
A solidão pode ser um lugar de auto-conhecimento ( como dizem alguns colegas psicólogos), mas pode ser também um espaço de expressão ou produção. Quantos artistas e pensadores surgiram da solidão?
Clarice Lispector, Nietzsche, Rubem Alves, Fernando Pessoa, Van Gogh, Munch, Kafka e tantos outros. Ainda bem que eles não preferiam o barulho e as aglomerações...
Não faço apologia à solidão. Acredito que compartilhar a vida com pessoas especiais é essencial.
Mas, acho que estar-junto deve ser uma escolha e NUNCA uma obrigação.
É isso...
P.S. Agradeço às pessoas da minha vida que fazem o estar-com valer a pena...