quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Amor, educação e poesia...

Para quê cientistas, psicólogos e filósofos tentam compreender e às vezes até explicar o amor? Somente os poetas conseguem descrevê-lo com alguma verdade.
Hoje assisti a um vídeo no qual crianças, com sua pureza, ingenuidade e poesia falam de amor do jeito mais lindo que já vi. Um amor sentido, vivido, experimentado. O amor presente na lambida de um cachorro ou no sorriso de um pai.
Acho que todos fomos poetas durante a infância. Mas, depois o mundo foi podando nossa sensibilidade, nosso modo puro de olhar para ele, senti-lo e descrevê-lo. O mundo foi transformando os pequenos poetas em bons profissionais, competitivos e produtivos. O mundo vai mostrando à criança criativa que é melhor adequar-se ao que já existe do que criar “novos mundos”. E, se ela se recusar a isso e for criativa demais, logo será considerada hiperativa; fora dos padrões; rebelde e até louca.
Minha afilhada uma vez levou uma bronca de uma professora porque desenhou o sol com um rostinho. A professora indignada perguntou se ela já tinha visto algum sol sorrindo. Ela nunca mais desenhou assim...
As escolas deveriam ser espaços de expansão da sensibilidade, da criatividade. Os professores deveriam ser aqueles que despertariam e ampliariam a poesia que toda criança já traz em si. Educar deveria ser despertar os sentidos para o mundo e despertar o mundo que há em cada um. Nas palavras de Rubem Alves:

“ E qual seria a tarefa primordial da educação senão levar-nos a aprender a amar, a sonhar, a fazer nossos próprios caminhos, a descobrir novas formas de ver, de ouvir, de sentir, de perceber, a ousar pensar diferente... a sermos cada vez mais nós mesmos, aceitando o desafio do novo?”

Pena que não seja assim no mundo real... O que encontramos são professores impondo suas verdades rígidas, amargas e cinzas às crianças, dizendo que o sol não sorri e que o mundo não é tão colorido quanto elas imaginam. O que vemos são professores que precisam enfiar conteúdos goela abaixo; cumprir metas e ensinar o que as crianças precisam para adaptar-se ao mundo que existe. Adaptar-se??? É só isso que lhes resta?
Sou mãe de um adolescente que nasceu com um dom para desenhar. Desde pequeno, encontrou nessa habilidade sua melhor forma de expressão. Desenha pessoas, robôs, mangás e uns personagens de vídeo-game. Mas, quantos professores estimularam sua criatividade ao longo do seu percurso escolar? Quantos souberam valorizar esta habilidade que ele tem? Quantos entenderam quando ele fez belos desenhos atrás de avaliações com conteúdos que pareciam não atrair tanto sua atenção?
Só queriam que ele se adaptasse ao currículo genérico das escolas. Só queriam que sua singularidade e seu modo único de ver e representar o mundo fossem deixados em casa, para que na escola ele se encaixasse no padrão previamente estipulado pelos “sabedores da educação”. Ainda bem que ele encontrou outras pessoas e lugares que valorizaram seus conhecimentos. Um dia ele ainda verá seus desenhos em muitos jogos por aí.
Mas, não acho que só os profissionais da educação têm culpa nesta violência contra o universo infantil. Muitos médicos e psicólogos contribuem para isso também.
Quantas mães desesperadas buscam estes profissionais para “dar um jeito” no seu filho que é diferente demais, não se encaixa, não corresponde aos padrões esperados pela sociedade. Elas querem um filho “igual a todos”, que não destoe da massa e nem mesmo se destaque.
E quantos destes profissionais aceitam esta missão, medicando (algumas vezes, sem nenhum critério e avaliação) crianças supostamente hiperativas; inibindo assim uma possível criatividade ou curiosidade. A imagem que vejo é de uma fábrica de crianças pavorosamente iguais, como no clipe do Pink Floyd – The Wall.
Quantos psicólogos também embarcam neste erro, fazendo psicodiagnósticos sem critério, buscando encaixar a singularidade do “ser criança” em padrões e categorias gerais e massificadoras.
Não são todos os profissionais que se prestam a isso, existem muitos médicos e psicólogos dispostos a respeitar o singular. Mas, os ruins também não são exceção.
Quem quiser conhecer uma psicóloga que respeita este modo singular de ser das crianças, criando espaços para aflorar sua criatividade e singularidade, segue uma indicação de site: http://www.agachamento.com

Para quem quiser se deliciar com as respostas das crianças sobre amor, segue o link:


Que nós adultos consigamos aprender alguma coisa com elas. Afinal, ainda tememos que o outro deixe de nos amar se fizermos algo que não agrade e ainda oferecemos a batata frita esperando que o outro retribua a gentileza...
Que sempre tenhamos alguém de quem nunca sentiremos medo.
Que exista uma pessoa especial que faça nossos olhos subirem e descerem e pequenas estrelas saírem de nós.
Que o mundo não destrua nossa ingenuidade e que ainda consigamos perceber o tanto de poesia que há por aí...








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